terça-feira, 13 de março de 2012



Lix(o)boa
Há dias que transpiram feridas. Há corpos vestidos que se ferem. Há a tua voz que se veste na minha pele. Há a pele fria da chuva. Há a chuva caída dos braços do céu. Há os teus passos que caem envenenados. Há ruas passadas por gritos. Há ruelas que nascem de abismos. Há um temporal abismal. Há o tempo apertado no meu bolso. Há um aperto de mãos. Há todas as mãos que se desconhecem. Há um desconhecido que nasceu num poema. Há poesia que hiberna na Primavera. Há o museu primaveril de todas as coisas. Há o museu do teu corpo. Há corpos que se contemplam. Há a contemplação das varandas desnudadas. Há paredes nuas. Há pensamentos nas paredes. Hás tu a pensar num fim. Eu a ser uma folha. Há o metro em folhas e aço. Há um metro de guerra à minha volta. Há uma batalha de diálogos fingidos. Há dias proibidos.

1 comentário:

  1. "Há o tempo apertado no meu bolso." és mesmo peixota :) gosto mil peixotos

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